Certamente que a tua bondade e o teu amor ficarão comigo enquanto eu viver.
E na tua casa, ó SENHOR, morarei todos os dias da minha vida.
(Salmos 23.6)
Preciosa é à vista do SENHOR a morte dos seus santos.” Salmos 116:15
Dia 30 de dezembro de 2012 nossa família ficou mais pobre. Perdemos Marcinha, minha irmã de 56 anos. Ainda nova na idade, mas com o corpo muito debilitado por várias infermidades, inclusive um sério problema no coração que foi a causa do seu óbito.
Sim! Marcinha era uma jóia preciosa, uma pérola rara, alguém que eu admirava muito!
Eu sempre lhe dizia: Marcinha você é a melhor pessoa da nossa família! Eu queria ter metade das suas virtudes...
Ela era: bondosa, amorosa, serviçal, generosa, despreendida, simples, autêntica, de uma espotaneidade incrível, bem humorada, humilde.
Ela começou a se sentir mal no dia 15 de dezembro. Lembro bem da data porque era um dia em que eu ia participar de um trabalho no NACC e no dia anterior ela havia me pedido para irmos juntas à praia, esse era o nosso passeio principal, estávamos sempre juntas em Boa Viagem.
Porém eu lhe disse que não poderia ir naquele sábado, por causa das atividades no NACC, que era às 14:00h e ainda eu teria outro evento depois, o natal do MAC na Catedral (IECB) e por isso precisava me preparar...
Mas ela como sempre com jeito meigo me disse: "Mas querida, a gente sai cedinho e volta cedinho, você sabe que eu gosto de ir à praia com você, vamos por favor..." Eu disse: OK!
Sairemos cedinho e logo retornaremos...
Isso foi na sexta-feira, no sábado quando levantei e disse-lhe: Marcinha já estás pronta para a praia?
Ela respondeu: Eu não vou mais, não estou me sentindo bem hoje, estou cansada.
Nos dias seguintes estava muito abatida, debilitada e foi a emergência de um hospital cardíaco (PROCAPE)
Quando ela estava no soro desse hospital, conversávamos e eu lhe dizia: Marcinha, tens que cuidar mais de tua saúde, evita pegar peso, descansar, repousar, cuidar da tua alimentação para que tenhas uma melhor qualidade de vida!
Ela estava calma e prestando bastante atenção às minhas palavras, em seguida respondeu:
"Guida, faça o que eu fizer...o meu caso não tem jeito, eu vou morrer! Mas fique tranquila porque eu vou para um lugar MUITO BOM!" Tem mais uma coisa disse ela: faz dois meses mais ou menos eu estava dormindo e acordei na madrugada, ví papai em pé junto da minha cama, ele olhou para mim e deu um lindo sorriso em seguida desapareceu"
Nosso pai faleceu, completará 6 anos próximo dia 03 de janeiro.
Eu perguntei: Marcinha tu sonhou com ele foi?
Ela respondeu não, eu o ví em pé junto da minha cama. Eu sei que vou morrer!
O que me impressionou nessa narativa é que ela estava bastante calma, serena, consciente e não havia nela qualquer traço de temor, de inseguraça, de desespero.
Logo me lembrei de um dos sermões de Dom Paulo Garcia - Lições da Águia, e entendi que uma águia estava morrendo. É uma das coisas que Dom Paulo fala no seu sermão: A águia sabe quando está chegando a sua hora de morrer...
Naquele dia saimos do hospital, ela muito cansada, fraca e o médico havia me deixado inteirada da situação, ele falava da gravidade da sua infermidade.
Na semana seguinte ela piorava mais e mais, contudo se recusava a voltar pro hospital.
Quando ela começou a sentir dores e não suportar mais, aceitou enfim ir novamente ao hospital. Logo ficou internada e sempre dizia a mesma coisa: Vou morrer!
Na semana passada dormi com ela no hospital na noite da quinta para a sexta-feira. Dava dó, ver a sua agonia, ela sentia falta de ar, dores e nenhuma posição a deixava confortável. Me pediu várias vezes para mudá-la de posição ora sentada, ora deitada, e nada.
Fiquei lamentando muito a situação e orando para Deus agir de acordo com a sua soberana vontade!
Na tarde do sábado nos ligaram pedindo que fosse alguém da família no hospital, pois queriam falar com algum de nós, nesse momento quem estava com ela era uma cuidadora que ficaria durante o dia e eu a substituiria à noite.
Estava dormindo de tarde, pois a noite seria larga mais uma vez com ela no hospital, foi quando minha mãe entrou no meu quarto aos prantos dizendo: Vai no hospital pois estão chamando a família, Marcinha piorou...
Eu me aprontei mais que depressa e fui até o hospital, quando chegamos Marcelo meu irmão e eu, ela estava sendo examinada por o médico que pediu que esperássemos um pouco que ela já nos colocaria a par de toda a situação.
Passado mais ou menos uns 30 minutos ele me chamou e disse:
Ela vai agora mesmo para a UTI, o estado dela é muito grave, pois a válvula que tem no coração está obstruída, isso está complicando o coração e os rins. O caso é para uma nova cirurgia no coração, caso ela apresente alguma melhora.
Contudo eu sabia que isso não aconteceria, eu também sentia...
Entrei na UTI com ela, ví todos os preparativos em que procederam e ele disse aqui não pode ficar ninguém com ela. Todos os dias porém tem visita às 15:00h, você pode ir agora, mas fale antes com a assistente social que lhe dará algumas orientações do que ela precisará aqui, eu disse ok.
Falei com a assistente social e em seguida fui até o leito em que Marcinha estava, peguei na sua mão e disse-lhe: Marcinha tô indo embora, não posso ficar aqui, mas amanhã venho te ver, fica com DEUS! Ela estava com uma máscara respiratória e balançou a cabeça afirmativamente, sim! Estaria com Deus!
Na noite do sábado para o domingo eu não consegui dormi bem, acordei várias vezes e uma inquietação tomou conta de mim, não parava de pensar nela.
No domingo fomos fazer a visita eu, Marcelo meu irmão e Iracema uma querida amiga da Igreja, do nosso coral.
Quando eu cheguei na UTI e me apresentei como irmã da Márcia Florêncio Mota, o recepcionista me disse: Vá até a recepção principal e procure a assistente social.
Quando ele me falou isso, sinceramente eu já imaginei o pior, acreditei que ela não mais estaria na UTI.
Quando nos apresentamos a assistente social, ela fez um pequeno relato da situação e disse que Márcia teve uma parada cardíaca durante a noite, reanimaram e que de manha teve outra parada por volta das 8:30h, chegando à óbito.
Disse ela que eles tinham ligado para a família, mas não conseguiram avisar a ninguém.
Sinceramente nenhum de nós acredita, pois deixei os números dos telefones fixo e celular e em nenhum momento meu celular esteve fora de área, nem na Igreja desliguei, pois estava atenta aos acontecimentos e esperava uma ligação mesmo do hospital...
Enfim, ficamos sabendo na hora da visita às 15:00h, eu sentia que ela não sairia dessa, pois ela mesmo havia me dito com tanta segurança e todos nós víamos a sua fragilidade, contudo quando veio a confirmação da morte eu desabei!
Que dor senti...
Eu chorava muito e Marcelo meu irmão tb!
Dei graças a Deus a presença de Iracema conosco, pois foi ela quem avisou a toda família...
Eu tremia muito, não conseguia digitar nada no celular e chorava muito tb, ainda bem que chorei, estou aprendendo a liberar as emoções.
Daí todas as horas que seguiram foram muito difíceis, tive de ir no necrotério reconhecer o corpo, nunca eu havia entrado em uma geladreira de necrotério, havia outros corpos lá, foi tudo muito difícil.
Depois providenciar o velório e sepultamento, assinar papeis, xerocar documentos, enfim...
Chegar em casa carregando a dor e a perda.
Ontem a sepultamos no Cemitério Morada da Paz em Paulista/PE.
Ficou um vazio na nossa casa, ficaram as lembranças de tudo o que vivemos durante toda a sua vida, mas ficou sobretudo a certeza de que ela está nos braços do PAI, daquele que tem prazer na morte dos seus santos como diz o salmo 116.
Conosco ficam as lições de uma vida vivida de modo lindo, sempre a amarei, nunca esquecerei de todos os exemplos que deixou.
Tem um pensamento que diz: "Nunca se perde quando é Deus quem ganha"
Marcinha está no Reino Eterno, naquele lugar que Deus tem preparado para aqueles que o amam, e a sua vida foi um revelar constante de que amava ao SENHOR!
Descanse em paz Marcinha, eu vou me esforçar pra parecer um pouco com você.
Te amo!
Magda,
Recife 01 de Janeiro de 2013.